Fotografia, Música e Ilustração de Marcelo Garcia
O bom e VELHO rock'n'roll
Artistas geralmente não querem se aposentar. Ninguém questiona atores, pintores e escultores que continuam a produzir conforme a idade avança e a saúde permite. A música, porém, é uma arte que parece guardar expectativas diferentes conforme o gênero ao qual o artista está associado. Músicos eruditos e jazzistas passam décadas em cima de um palco e ninguém diz que deveriam parar de tocar porque estão velhos demais para isso. Músicos de rock, no entanto, ouvem com frequência que “ainda estão tocando apesar da idade”. Esse tipo de expectativa, claro, vem da forte ligação que o rock sempre teve com a juventude. Energia, agressividade e contestação sempre foram responsáveis por definir os próprios contornos do gênero, mais até do que seus traços estritamente musicais. Estas características se encaixam perfeitamente nessa fase da vida cheia de hormônios, em que se procura distanciamento dos valores representados pelos pais, um período intenso e ao mesmo tempo tão curto (Live fast, die young) que faz parecer que rock é mais atitude do que música. É possível carregar estes atributos quando os cabelos começam a embranquecer e rarear?